Auto exame da mama: como fazer e por que importa

Nós sabemos que o câncer de mama é uma realidade preocupante no Brasil. Segundo o INCA, estima-se 73.610 novos casos em 2025, com uma taxa de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres.

Conhecer seu próprio corpo é fundamental, mas lembre-se: o autoexame da mama não substitui o exame clínico. Ele é apenas um complemento ao diagnóstico precoce, que aumenta as chances de tratamento eficaz e pode salvar vidas.

Sintomas do câncer de mama: principais sinais de alerta

O sintoma mais comum do câncer de mama é o surgimento de um nódulo no seio, geralmente indolor, duro e irregular. Porém, existem outros sinais importantes que você precisa conhecer:

• Alterações na pele como vermelhidão, rugosidades ou aspecto de casca de laranja
• Mudanças no bico do peito, como retração ou inversão repentina
• Secreção sanguinolenta ou transparente saindo espontaneamente pelos mamilos
• Assimetria recente ou mudança no formato ou tamanho da mama
• Caroços ou nódulos na axila que persistem após o ciclo menstrual
• Feridas ou crostas que não cicatrizam na região da aréola

Lembre-se que estes sinais podem estar relacionados a outras condições menos graves, mas é essencial consultar um médico para avaliação adequada caso você perceba qualquer uma destas alterações.

Quando fazer o auto exame da mama?

O autoexame da mama deve ser realizado por mulheres a partir dos 20 anos de idade, preferencialmente entre 7 a 10 dias após o início do período menstrual, quando as mamas estão menos sensíveis e inchadas. Esta prática mensal favorece o diagnóstico precoce de possíveis alterações.

Para mulheres na pós-menopausa, o autoexame deve ser mantido mensalmente, escolhendo um dia fixo no calendário para criar o hábito. Gestantes também devem realizar o autoexame regularmente, adaptando-o às mudanças naturais do corpo. Vale ressaltar que, embora raro, homens também devem estar atentos às alterações nas mamas, pois podem ser acometidos pela doença em diferentes faixas etárias.

Auto exame da mama passo a passo (espelho, em pé, deitada)

Realizar o autoexame da mama é um processo simples que leva apenas alguns minutos. Siga as orientações abaixo para uma avaliação completa:

1. Em frente ao espelho

Posicione-se em frente a um espelho com boa iluminação e observe atentamente suas mamas em três posições diferentes: primeiro com os braços relaxados ao lado do corpo, depois com as mãos na cintura pressionando levemente, e por último com os braços levantados acima da cabeça. Observe se há alterações no contorno, tamanho, formato, coloração da pele ou retrações. Preste atenção especial a qualquer assimetria que não era presente antes.

2. Toque em pé no chuveiro

O segundo passo deve ser realizado durante o banho, quando a pele está molhada e ensaboada, facilitando o deslizamento dos dedos. Para examinar a mama direita, levante o braço direito e coloque-o atrás da cabeça. Com as pontas dos dedos da mão esquerda, faça movimentos circulares suaves em toda a extensão da mama direita, incluindo a aréola e o mamilo. Não se esqueça de verificar a região da axila. Repita o processo para examinar a mama esquerda.

3. Palpação deitada

Deite-se em uma superfície plana e confortável. Para examinar a mama direita, coloque uma toalha dobrada ou um travesseiro pequeno embaixo do ombro direito e posicione o braço direito atrás da cabeça. Esta posição distribui o tecido mamário mais uniformemente sobre o tórax, facilitando a palpação. Com os dedos da mão esquerda unidos e esticados, realize movimentos circulares em toda a mama direita, do centro para fora, como se desenhasse uma espiral. Aplique três níveis de pressão para sentir diferentes camadas do tecido mamário. Repita o procedimento para a mama esquerda.

Apalpar seios: quais sinais de alerta merecem atenção?

Conhecer o próprio corpo é fundamental para identificar alterações nos estágios iniciais do câncer de mama, quando as chances de cura podem chegar a 95%. Ao apalpar seus seios regularmente durante o banho ou ao se deitar, fique atenta aos seguintes sinais que merecem atenção médica imediata:

• Pele com aspecto de casca de laranja, apresentando textura irregular ou pontilhada
• Retração ou afundamento da pele em áreas específicas do seio
• Dor persistente que não está relacionada ao ciclo menstrual
• Vermelhidão ou calor localizado que não desaparece após alguns dias
• Secreção transparente ou sanguinolenta pelo mamilo sem estímulo ou pressão

Lembre-se que a identificação precoce de um nódulo ou alteração é essencial para aumentar as chances de tratamento eficaz. Mesmo que a maioria dos nódulos sejam benignos, todos devem ser avaliados por um médico.

Encontrei um nódulo: qual o próximo passo?

Se você encontrou um nódulo durante o autoexame, não entre em pânico. O primeiro passo é procurar um profissional de saúde, preferencialmente um mastologista, para realizar o exame clínico das mamas. Este exame, quando realizado por médicos ou enfermeiros treinados, pode detectar tumores de até um centímetro, complementando o que você identificou no autoexame.

Após o exame clínico, o médico poderá solicitar exames de imagem como mamografia ou ultrassonografia para investigar melhor as características do nódulo. Dependendo dos resultados e do nível de suspeita, o próximo passo pode ser um acompanhamento periódico ou, em alguns casos, a realização de uma biópsia para análise das células e diagnóstico definitivo.

Auto exame não substitui mamografia e exame clínico das mamas

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA) e o Ministério da Saúde, o autoexame não é mais indicado como método único de rastreamento para o câncer de mama. Embora seja importante conhecer o próprio corpo, o autoexame consegue detectar apenas nódulos com mais de um centímetro, quando a doença já pode estar em estágio mais avançado.

A recomendação atual é que mulheres entre 50 e 69 anos realizem mamografia a cada dois anos, complementada pelo exame clínico das mamas feito por profissionais de saúde treinados. Estas medidas são mais eficazes na detecção precoce, quando as chances de tratamento bem-sucedido são significativamente maiores.